A brisa me beija, suave e suculenta. Beija-me os braços e o pescoço, sopra-me os cabelos e deleita-se nas minhas curvas. Sua sensação cintila-me com felicidade e fidelidade falsas, porque ao tempo que me ama, também me trai em outros cangotes e regaços de peles tão macias quanto as minhas.
Esse vento me traz lembranças e saudades de um tempo em que vivíamos juntos noites afora a alegrar-nos apenas com sorrisos, murmúrios e luares... naquelas noites de praças e bancos de jardins, noites de calçadas. Ainda bem, que naquela noite de festa eu não te beijei, pois o nosso beijo haveria de ser dado assim, no silencioso abraço de almas...