Minha letra treme no papel. Esse tremor vem da estrada que piso. Do chão que sinto e me liberta.
Hoje sou alma ferida cicatrizando, sou gosto de chuva na boca e carne queimada no coração. Sou ovelha negra de mim mesma. Sou desequilíbrio. Sou dinheiro gasto e dívidas a pagar. Dívidas a acertar com a vida e com o mundo. Sou loucura. Sou ansiedade. Sou medo e sou flor. Sou preto e sou rosa. Sou cinza... de cigarro fumada pela vida. Sou cinzeiro, sou lixo, sou alma calada e ferida. Sou mãe solteira que grita a solidão que sinto sozinha num quarto qualquer alugado. Tristeza. Medo. Solidão, terror...
Sou dor ao pensar no filho que virá sem pai. Queria gritar aos homens: não façam isso com seus filhos!!!
Sejam pais, sejam homens.
Isso me maltrata, me dói tudo de novo. E parece que não vou suportar. As minhas crises são minhas, mas meu desespero é dela, do grito dela, da dor que é dela. Não chore. Tudo passa. Tudo se resolve. Sinto nova crise vindo aí. Mas hoje eu tomei o remédio. Ele me salvará dela.
Irecê chegou até mim. A cidade entra dentro de mim e me vasculha à procura de não sei o quê... palavras, palavras, palavras, tenho medo do que eu tenho, do que eu sinto.
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