Quanto mais escrevo, muito mais quero escrever.
Escrevo e com minhas palavras e meus versos, versos que são meus, desenho árvores, me desenho em mil árvores... porque árvore é o que sou e me sinto ser. Sou árvore, mas muito mais que árvore, sou casa vazia caindo aos pedaços na estrada, sob a chuva e um sol verde de cores indefinidas, me vejo embaçada sob a mesma chuva que não tem gotas de orvalho suficientes para lavar de minha alma esse cheiro podre que sinto exalar dos meus ouvidos surdos.
Sou cega, surda e muda, não sei quem sou e menos ainda o que pensam de mim por aí. Porque sou a parte podre do mundo que precisa morrer. Sou tudo e nada, sou Raul Seixas, já morto e apodrecido. Sou eu com todo o meu fedor. Nem sei se resistirei essa tarde... será que o que eu disse se concretizará? Tirem de perto de mim todas as facas e armas contra mim.
Deus, não me abandone essa hora. Talvez essas palavras nem expressem a profunda angústia que sinto. Estou com medo dele e de mim. Tenho medo da parte de mim que vem dele. A loucura me aflige... meu corpo está dormente e eu tenho medo da morte. Não quero mais escrever...
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