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Sou alguém assim, quase sem definição, nem grande nem pequena, sou do tamanho certo, a minha cor é da cor que o dia me pinta...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vermelho (escrito em 18/10/2010)

Ah... se o papel pudesse sentir o que lhe escrevo, mas ele não pode, ele é frágil demais para isso, seria incapaz de suportar tamanha emoção. Ah... se eu pudesse penetrá-lo sem ferir sua pele, sem que ele transparecesse esse sentimento, sem rompê-lo, sem martirizar a sua carne, sem cortá-lo ou algo assim.

Ah... se a caneta pudesse entrar no meu peito sem me ferir para que o meu sangue fosse derramado sobre o papel e talvez assim ele pudesse me sentir, mas não, isso me mataria, e o papel, o papel continuaria aí para que alguém escrevesse a sua vil história nele, ele apenas iria rir do meu sangue derramado a manchar-lhe a face e também as entranhas e até o avesso. Ele seria só mais uma prova contra mim mesma e jamais um acusado do meu assassinato.

Mas vejo fogo, quem sabe eu te queimasse com gotas do meu sangue quente e feroz, sangue verdadeiramente envenenado, que mataria ao mais simples e suave toque da sua língua maldita. Agora diz para mim maldito papel, que sentimento é esse que me toma, que queima e arde no meu peito, arde como mil pimentas, mais maduras, mais vermelhas que o vermelho do sangue, da paixão, da rosa mais vermelha, mais rubro que o vermelho do amor e mais púrpura que o ódio, mais e mais vermelho que o próprio vermelho, mais vermelho até do que o azul, minha cor preferida, e até mesmo que o rosa, o branco e o amarelo. Mais vermelho até do que o negro céu das mais reluzentes estrelas e da cor do mar, é, daquele mar azul. Mais vermelho que o índio mais vermelho pintado de vermelho, e mais vermelho ainda que o vermelho do amor, porque o ódio se pinta de vermelho e se finge de amor.

E o papel então, esse, nem sei, de tão traiçoeiro que é... se entrega a qualquer um e até se pinta de vermelho.

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